As frases de Satya Nadella

Satya anunciou que a Microsoft está a expandir-se para novas plataformas… E se a frase parecia apenas uma frase, analisando a mesma a fundo, ela tem muito que se lhe diga.

Satya Nadella em pessoa veio falar do sucesso que foi o lançamento de jogos exclusivos Xbox nas consolas rivais. E a frase usada foi a seguinte:

Finally, we’re expanding our games to new platforms, bringing four of our fan favorites to Nintendo Switch and Sony PlayStation for the first time. In fact, earlier this month we had 7 games among the top 25 on the PlayStation Store, more than any other publisher.

We are committed to meeting players where they are by bringing great games to more people on more devices

Estas palavras tem muito, mas mesmo muito que se lhe diga. E chegam a ser desrespeitosas para os clientes Microsoft da Xbox. Vejamos!

A primeira situação a ser chamada à atenção aqui é que os jogos de que Satya fala não são meros jogos, mas sim jogos sensíveis por virem de equipas First Party da Microsoft e que são agora ex-exclusivos Xbox. E todos que acompanham as consolas sabem que os exclusivos são aquilo que as separam, aquilo que as definem, e torna-se assim a arma de arremesso na guerra de exclusivos e argumentos que os fans usam a favor da sua consola. Sem exclusividade a consola é apenas mais uma forma de se jogar estes jogos, e a necessidade de se comprar uma deixa de ser uma realidade, com alternativas mais apetecíveis a aparecerem em sistemas alternativos e mais capazes. Mas neste caso, ao se colocarem os jogos em consolas rivais que mantém o conceito de exclusivos, estas tornam-se uma escolha igualmente alternativa, e super interessante, especialmente por manterem o conceito de consola que atraiu o cliente para este produto

Daí que ver Satya tratar estes exclusivos como meros jogos, ignorando todo o fanatismo e sentimento por detrás da marca Xbox e os seus exclusivos mostra claramente que a Microsoft nem sequer compreende o que move os compradores das consolas, e que a Microsoft se move apenas por interesses próprios impondo os seus conceitos e não dando aos fans aquilo que eles procuram, e aquilo que tornou a consola popular.

Ao fim de 20 anos no mercado, é triste ver-se algo assim, com os responsáveis a não perceberem que a causa da queda de vendas do seu produto é exatamente as suas políticas e o não perceberem o que o cliente procura. E desde meados da geração Xbox 360 que a Microsoft começou a cortar nos exclusivos, algo que teve um pico com a Xbox One, e que se julgava prestes a ser resolvido com as Séries X e o investimento da Microsoft em novos estúdios.

Isto é o desrespeito total pela marca que criaram em torno do conceito consola que agora desvirtuam, e pelos fans que arrastaram. E tal torna-se particularmente notório quando o termo Xbox agora nem sequer vem à baila. Agora estes são jogos MICROSOFT STUDIOS, e não jogos Xbox. A consola, essa, mesmo para eles, acaba delegada para uma posição secundária, tendo-se tornado em apenas mais um meio para atingir um fim… Os lucros! E se estes estiverem em outros locais… Azar pois a Microsoft irá, como tem vindo a fazer, posicionar-se onde achar que está o dinheiro fácil, não fazendo seja o que for para lutar pelos seus clientes. Mesmo que isso lhes custe de vez a sua consola e o conceito associado ao termo. Xbox é agora sinônimo de jogos Microsoft… Em qualquer ecrã!

Aliás toda a frase de Satya é, basicamente, sobre lucros. Ela refere como os exclusivos Xbox venderam bem na consola que efetivamente vende jogos, apesar que tal implica o descrédito e o desinteresse no seu próprio produto, a Xbox. E foram 7 jogos, no top 25! Finalmente a Microsoft está a conseguir vender como não vende na sua própria consola, e neste momento… Isso é tudo que parece interessar!

Mas o mais chocante acaba por ser a palavra usada no início da frase… “Finalmente” diz Satya, falando de um aparente projeto de vendas na PlayStation que, pelo termo usado, já existia à algum tempo, mas que foi escondido para que, enquanto as coisas não se efetivassem, as suas consolas não deixassem de vender e lhes dar dinheiro.

Ou seja, esta era, ao que tudo indica, a atual ambição da Microsoft. Não ter uma plataforma, não nutri-la e fazê-la crescer, não dar-lhe suporte e exclusivos, não tudo aquilo que os seus clientes julgavam que estavam a comprar, mas sim… Usá-los, fazendo-os acreditar e suspirar por exclusivos, apenas para sustentar as despesas para a transição.

E onde já ouvi algo assim? Ah sim, no documento interno e oficial da Microsoft, denominado “Evangelismo é guerra“, onde estes referem que os interesses e lucros da empresa estão acima de tudo, e que os seus aliados são apenas meros peões a serem sacrificados, sem que percebam que isso está para acontecer, nesse objetivo.

Sinceramente, a Microsoft a mim já deixou de me desapontar à muito tempo. Percebi a jogada de quem por ali anda e que na realidade não quer saber do cliente para nada, faz já muito tempo.

Mas para quem demora a cair na real… Estas coisas podem chocar! Porque mostram de forma nua e crua o quão pouco respeito a Microsoft tem por todos aqueles que, durante 20 anos lhe aguentam o negócio dos videojogos e lhes permitiram estar aqui hoje.

Neste sentido, não me admiraria nada que, mesmo com fracas vendas, a Microsoft possa lançar uma futura consola. Não para que ela seja diferente e tenha o suporte que as duas últimas não tiveram, mas para lhes continuar a aparar o jogo, e permitir uma base de sustentação própria onde possam continuar a tentar ditar regras, uma vez que nas consolas concorrentes não o podem fazer.

E isto é a consola Xbox em 2024. Uma consola em queda, com as vendas em declive acentuado, e onde os produtores até ponderam se a deverão ou não suportar. É triste que se tenha chegado aqui, mas os alertas sobre as más políticas e consultas da Microsoft por parte deste websites vem já desde 2013, e só não os viu quem não quis.

E apesar que muitos perceberam desde logo a razão desses alertas, outros vieram aqui apenas para fazer capturas de ecrã e gozar com o que dizíamos em fóruns brasileiros.

Agora… Estarão a engolir em seco, pois a realidade está a bater. E como já foi dito, não foi por falta de aviso!