Apple culpa substituição de baterias pela quebra de vendas do iPhone

Devido às quebras nas vendas dos iPhones, a empresa pode acumular perdas da ordem dos 8 mil milhões de euros. A Apple culpa a substituição de baterias pela quebra de vendas.

NOTA: Por lapso de contexto, o termo “prejuizos” que se encontrava presente no texto introdutório de cima foi interpretado de forma errónea da palavra “losses”. Agradece-se ao leitor Derhel pela chamada de atenção, tendo o termo sido substituído por o mais correcto “perdas”.

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Certamente a Apple terá estudos internos que apontarão para os motivos das suas quebras de vendas.

Da nossa parte continuamos a achar aquilo que já à muito tempo apontavamos, o mercado está saturado de topos de gama, e os iPhones não se destacam o suficiente para justificar o preço face a um bom android de 500 ou 600 euros. Como consequência os topos de gama mais caros (e não só os Apple) irão vender cada vez menos, e telefones de mais de 1000 euros começam a ter dificuldade de penetração no mercado de massas.



Mas a Apple não parece ver a coisa assim, e então culpa duas situações. A guerra entre a China e o governo de Donald Trump que está a quebrar as vendas do iPhone na China (e que não explica as quebras no resto do mundo), e… a facilidade criada na substituição das baterias dos iPhones.

Ora a Apple veio referir que o facto de ter tornado a troca de bateria um processo facilitado, ao inclusive ter descido o preço das baterias de 69 euros para 25 euros, tem levado a que cada vez menos as pessoas vejam motivos para trocar o iPhone.

E esta situação é curiosa por dois motivos.

O primeiro é que bate certo com o que referimos: Os telefones novos não trazem verdadeiramente nada de novo que justifique só por si uma troca, e os modelos antigos, ou modelos mais económicos, são actualmente munidos de capacidades e caracteristicas mais do que suficientes para satisfazer os clientes mais exigentes.

O segundo é que a Apple vem reconhecer que a quebra de vendas se deve ao facto de lhes terem tirado a possibilidade de “extorquir” os clientes pois um dos motivos pelo qual as pessoas optam pela troca de baterias prende-se com o facto já provado que a Apple abranda as performances dos seus produtos à medida que a bateria vai envelhecendo, ao ponto de estes se tornarem quase inutilizáveis, e existir todo o interesse na substituição do aparelho.

Ora ao saber-se isso, a Apple foi forçada a criar uma opção que desactivava essa situação  (somente disponível nas versões mais recentes do iOS e que se sabe não funcionar como prometido), e descer o preço das baterias, permitindo assim que quem se queixa possa colocar o seu telefone de volta nas prestações originais. E naturalmente, dessa forma, o interesse numa troca de aparelho decai brutalmente.



Ou seja, a Apple queixa-se basicamente do facto de ter sido “apanhada” e de a notícia se ter espalhado, estando agora obrigada a proceder a trocas de baterias a custos mais baixos, algo que antigamente ninguém sabia que era a solução para um problema de performance que a própria Apple causava. Basicamente, e indirectamente, ao queixar-se das trocas de bateria, a Apple queixa-se de lhes terem arruinado um esquema que permitia “enganar” o cliente levando-o à troca do telefone!

É de se perceber que as baterias degradam-se naturalmente com os anos, e nesse aspecto a Apple não pode ser culpada. A questão não passa e nem nunca passou por aí. Agora uma coisa é a bateria durar menos ou crashar o telefone, situações que dão a perceber a sua necessidade de troca, outra é a degradação das performances do processador para disfarçar e esconder os problemas da bateria e dar a entender que esta está aceitável mas o telefone está a ficar ultrapassado. E foi esta segunda situação que a Apple criou artificialmente no firmware do telefone.

Atualmente o mercado é rico em oferta de produtos de qualidade, e aquilo que vemos atualmente ser ofertado nos novos telefones topo de gama são caracteristicas que se revelam de pouco ou nenhum interesse, sendo que muitas vezes estamos perante mero software e não verdadeiras inovações de hardware. Olhando para a gama Snapdragon vemos que os processadores da série 6xx são extremamente capazes, não sendo sequer preciso um processador da gama 8xx para se ficar satisfeito com as prestações de um telefone. Claro que um Kyrin 980 ou um Snapdragon 845 são processadores mais interessantes, e que certamente serão escolhidos por quem tem a possibilidade de os pagar, mas o certo é que os restantes estão longe dos tempos em que ficavam mal servidos.

 



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