É um valor demasiadamente baixo para a a maior plataforma do mercado a nível de utilizadores, e demonstra o motivo do interesse da Take Two nas consolas.
Confesso que estes valores divulgados pela Take Two me apanharam de surpresa, pois se calhar conheço mais pessoas a jogar GTA no PC do que nas consolas. Mas a realidade é só uma, e já foquei nesse ponto várias vezes: A realidade que cada um conhece não é forçosamente o panorama geral.
Ora a take 2 ter 40% das suas receitas a virem das consolas, e apenas 8% a vir do PC e uma diferença absolutamente abismal. É apenas 5 vezes mais receita vinda das consolas do que no PC.
Mas falando em surpresas, as vendas de Call of Duty: Black Ops 6 tambem me surpreenderam, pois 75% delas ocorreram na Playstation, cerca de 15% no PC, e cerca de 11% na Xbox. Basicamente, mais uma vez, os valores das receitas das consolas é 5,6x superior à dos PCs. Mas aqui é diferente pois ao contrário do caso de cima que refere as receitas totais, aqui o PC tem as vendas digitais, que são a maior fonte de vendas na máquina. E com elas, o PC até acaba por vender mais do que as consolas, apesar que grande parte das vendas ocorrem em sites como o CD Keys, onde os jogos são pagos por valores irrisórios.
Ou seja, mesmo nos casos onde a receita do PC possa ser superior, ela nunca corresponde proporção receita/vendas das consolas. Pois se nas consolas cada venda é full price, no PC não o é. E isso quer dizer que há muita, muita fuga de receitas no PC.
Ora esta realidade pode não preocupar tanto uma empresa que venda bem no PC, mas preocupa certamente uma empresa que não venda tão bem no PC. Isto porque se o que vende fosse todo pago ao mesmo preço das consolas, o PC seria um sucesso.
Mas infelizmente o PC é isto. Gamepass, keys, pirataria e outros, tornam a plataforma numa fonte de receita não fiável. Pode até dar mais dinheiro, especialmente se formos para os GAAS, always online, com pagamentos, onde a fuga é impossível, e que são populares nesta plataforma, mas a realidade é que está longe de dar a receita que deveria e poderia.
Vamos ver resultados de três grandes produtores, a Take Two, a EA e a Ubisoft para o ultimo quarto de 2025. E aqui vamos falar das receitas globais, ou seja, físico + digital + dlcs + micro transações + tudo o resto, para mostrar essa realidade.
Take Two – Produtora de GTA.
40% da receita nas consolas, 8% no PC.
ELECTRONIC ARTS
64,5% da receita nas consolas, 20,8% no PC
Ubisoft
56% das receitas nas consolas, 32% no PC
Esta realidade não é igual para todos.
Capcom
Aqui o PC tem tido crescimento, e agora representa 54% das vendas, face a 40% das consolas. Há ali no entanto uns extras 6% em vendas físicas, que não se especifica de onde vem.
O mesmo parece poder ser dito da Square Enix (sem foto). Mas o seu texto é algo complexo, referindo apenas:
68.4% of operating profit from MMO games 31.1% from mobile games 0.5% from non-MMO PC and console games
Ora os MMOs acredito terem a maior parte dos jogadores no PC, mas a realidade é que tambem os há nas consolas. A isso acrescem 0,5% extras de jogos não MMO, no PC e consolas.
Ou seja, apesar de nada ser dito de concreto sobre o peso do PC e das consolas nas receitas, a ideia aparente é que o PC tem o maior peso. Mas depois de ver os resultados da Take Two, afirmar isso como um dado concreto, é um pouco mais difícil.
Basicamente quando alguém diz que os exclusivos estão condenados e que os jogos vão acabar por sair dia um no PC, que as consolas tem os dias contados, e que o PC vai dominar isto tudo, só pode estar a brincar. Ou isso, ou acredita no Pai Natal.
Porque as empresas trabalham com dinheiro. E o PC… está longe de ser a maior fonte de receitas. Talvez no dia em que as pessoas que os possuem pensem em gastar mais dinheiro no Software e menos no Hardware.
Se nos consoles a venda é full price no PC não é. Que ótimo para nós consumidores. Porque a Sony é bilionária. E a microsoft tem 21 Sonys em valor e é trilionária. Dinheiro certamente não falta a nenhuma delas, especialmente a segunda.
Que se pode dar o luxo até de subsidiar o Gamepass com suas receitas tranquilamente.
Jogo no PC é pra pagar mais barato em jogo mesmo, ser mais retrocompatível e não ter assinatura forçada pra jogar. E é claro ter mais desempenho.
Bom bom era o pai natal existir e tudo ser de borla. Mas depois crescemos, aprendemos a pensar, aprendemos o que é a economia e como funciona. Aprendemos que sem ovos não se fazem omoletes, e por aí fora.
Isto é, alguns aprendem, outros continuam a acreditar no Pai Natal e como ele é bom para o consumidor.
Porque ser bom para o consumidor não é ser barato, é ter um preço justo que permita a qualidade e a devida compensação de quem trabalha.
Se o teu patrão não te conseguisse pagar porque não consegue cobrir as despesas, certamente que lhe dizias para subir o preço dos produtos pois estavam baratos.
Quanto ao PC sim, tens mais desempenho, se gostares num GPU mais do que custa a consola, e se estiveres disposto a lidar com os problemas dele.
Mário quero só que saiba de uma coisa. Meu bolso vem na frente dessas duas empresas.
Simples assim.
E a que oferta melhor serviço e jogo eu compro.
Eu comprei vários jogos PS na Steam.
Assino o Gamepass.
Porque valeu a pena.
Sabes… Os supermercados Portugueses estão agora a despedir os caixas porque pode ser tudo feito com leitores de códigos de barras e pagamentos com cartão. Tal e qual se fez com as portagens onde os portageiros foram todos despedidos.
A perspectiva dessas empresas é também que o bolso delas vem à frente. No entanto, apesar de mandar pessoas para o desemprego e de fazer mossa na economia, elas esperam que as pessoas continuem a consumir lá como se nada se passasse. Mesmo que essa tendência venha a criar uma crise onde eles mesmos sofreriam.
E comparo isso com o que dizes. Olhas para o teu bolso e esperas que os jogos continuem a cair como se nada se passasse e continuas a esperar qualidade, mesmo sabendo que com esses serviços os programadores demoram anos a reaver o investimento, e que isso impede que se continuam a criar jogos em qualidade e quantidade iguais ao que se faz atualmente.
Eu não critico esta forma de pensar, apesar de achar que quem pensa assim não tem noção nenhuma do dano que pode estar a causar ao hobby de que tanto gosta.
Felizmente as pessoas que não conseguem ver isso parecem limitadas pois o crescimento do Gamepass está, pelos dados conhecidos, estagnado há vários anos, e apesar do investimento para o seu crescimento, que o Satya Nadella estimava alcançar os 100 milhões de assinantes em 2023, está em 2025 perto do mesmo valor de sempre que ronda os 30 milhões.
E isto porque, felizmente, a maior parte das pessoas consegue ter uma visão das coisas mais alargada e percebem que apesar de os jogos serem caros, se os querem com esta qualidade, eles têm mesmo de ser caros.
Não sei se você percebeu um padrão. Mas quanto maior a receita de GaaS de uma produtora, maior é a diferença entre os consoles e o PC. O que bate bem com a lista de games mais jogados no ps5. Como falei no artigo anterior, a plataforma de GaaS não é o pc e sim os consoles. Visto que é onde as pessoas estão mais propensas a gastar.
Hennan, se for pensar bem, os consoles são onde estão a maioria das baleias de jogos, é só pensar que é a única plataforma onde o cliente compra uma máquina exclusivamente pra jogar. Lógico, isso não invalida outras plataformas pra jogo, inclusive aquelas de jogos descompromissados, pois pelo volume de usuários, per si, pode até trazer mais lucro e receita que a própria plataforma exclusiva pra jogos.
com essa análise ai a gente já pode concluir que os papos de “exclusivo third party vão acabar” e que um dia a Sony lança “day one PC” é tudo Astroturfing