Ao fim de mais de 30 anos… chegou!

“The Spectrum” é a desejada re-edição do ZX Spectrum que tanto marcou a minha juventude.

Sinceramente não consigo precisar exatamente quando recebi o meu Zx Spectrum 48 Kb. O computador foi lançado em 1982, mas a atirar uma data, e não acreditando que os meus pais me tenham dado um produto que não estivesse já no mercado e a ter algum sucesso, apontaria aí para 1985 como a data em que o recebi.

E diga-se que não foi por iniciativa dos meus pais, pois a eles essas coisas passavam ao lado, mas sim por intermédio de um tio de uns primos que referiu que a máquina era super interessante e uma boa prenda de natal. Daí que, por contágio do irmão do meu Pai, que comprou um para o filho, acabei por receber um também.

O que posso dizer foi que essa pequena máquina mudou a minha vida. E moldou-me para aquilo que sou hoje, ao me ter criado um bichinho pela informática, pela programação e pelos computadores em geral, que dura até aos dias de hoje.

Nesse aspecto, o ZX Spectrum não só é uma máquina icónica para mim, como é também uma máquina associada à minha juventude, e que recordo com completa saudade, em particular o seu aspecto compacto e o feeling das suas já icónicas teclas de borracha.



Mas como todas as máquinas que acompanharam a minha juventude, o Zx Spectrum teve o seu tempo, e foi depois substituído por um 128K +2, depois um Atari ST, e por aí fora… até aos dias de hoje, E se no início a mudança era bem vinda pois a evolução para melhor foi sempre algo desejável, chega uma altura na vida em que o saudosismo bate, e a vontade de fazer reviver o Spectrum, e de sentir novamente o toque das suas teclas de borracha, tornou-se enorme.

E apesar de ainda possuir o meu Sinclair Zx Spectrum 48K totalmente funcional, infelizmente as tecnologias ligadas à máquina estão hoje obsoletas, e não só os media usados (cassetes) se mostram lentos e inadequados, como a degradação dos mesmos impede, em muitos casos, o seu uso.

Basicamente o que isto quer dizer é que reviver um Spectrum original é um processo entediante, e o esperar 5 minutos para um jogo carregar, podendo a qualquer momento falhar a carga não é algo que seja desejável. Daí que durante anos sempre esperei por uma reedição do Spectrum que trouxesse à baila o uso de medias mais atuais e rápidos (pen drive ou cartão SD), bem como o possuir de save states, que permitissem retomar os jogos mais tarde onde se tinha parado.

Naturalmente que ao longo dos tempos houveram várias tentativas para se reeditar o Zx Spectrum: Mas a maior parte delas acabou por não ver a luz do dia por esbarrar em patentes ou direitos de autor sobre a máquina original. Daí que o saudosismo de jogar no mesmo e de sentir novamente como era jogar com as suas saudosas teclas em borracha acabou por nunca ser matado.

A primeira tentativa de uma recreação do Spectrum que efetivamente viu a luz do dia, terá sido o ZX Spectrum Vega, mas que acabou por ser uma falácia ao não ser verdadeiramente um ZX Spectrum, mas apenas um conjunto de teclas onde, 4 delas, eram de borracha e criadas com o mero intuito de “matar saudades”.



O ZX Spectrum Next surgiu depois, e foi uma reedição do Spectrum com hardware melhorado, especialmente a nível gráfico, mas que, mesmo correndo os jogos originais do Spectrum, acabou por não ser uma real reedição ao não ter qualquer relação visual com a máquina original, sendo mais parecido com o spectrum 128k, apesar de, mesmo assim, ser diferente.

Bem mais recentemente, e estive quase a aderir a esse, apareceu o “Recreated Zx Speectrum” que me fascinou por trazer um Zx Spectrum em tamanho real, com todas as teclas. Mas a ideia, apesar de boa, morreu quando se soube como este máquina iria funcionar. E basicamente este Zx Spectrum não era mais do que um teclado Bluetooth que era, forçosamente, usando em conjunto com um emulador que corria num smartphone ou tablet.



Era efetivamente um Spectrum… mas sem ser um Spectrum. Apesar de ser a cópia visualmente mais fiel da máquina original que foi lançada até hoje pois mantinha o texto “Sinclair” e “ZX Spectrum”, o facto de necessitar de ser usado com um tablet matava totalmente todo e qualquer interesse no mesmo.

Resumidamente, 40 ano depois, a tão desejada reedição do Zx Spectrum estava ainda por lançar.

Mas eis que, finalmente, em 2024 surge o “The Spectrum”.

Substituindo o termo “Sinclair” por “Retro”, e “Zx Spectrum” por “The Spectrum”, esta é uma máquina autónoma, e completamente funcional, alimentado por um Raspberry Pie que corre tudo o que é jogos e software do Zx Spectrum, por emulação.



Basicamente esta é efetivamente uma reedição do Spectrum: E com o seu teclado em borracha em escala real, e o aspecto visual da máquina original, esta máquina tem HDMI, portas USB, e os tão desejados save states, podendo executar qualquer jogo do Spectrum 16K/48K/128K originais.

Ao contrário do Amiga Mini, onde o computador não tem a escala real, sendo que as suas teclas nem sequer são funcionais, requerendo o uso do controlador para se jogar, aqui o computador é 1:1 e as teclas são todas elas funcionais, incluindo reproduzindo-se a metodologia original de funcionamento que permite aceder às diversas funções das teclas.

Surge mais de 40 anos depois da máquina original, mas é a a re-edição que ansiava há décadas adquirir. E finalmente está cá em casa, curiosamente, igualmente perto do Natal!

E sim, só pode apresentar 2 cores num conjunto de pixels 8 por 8, corre jogos a um máximo de 50 fps, mas normalmente a uns 10 ou 15 fps, numa resolução de 320×240… Mas mesmo assim… quem se preocupa com isso? É um maquinão!

 



 

 



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Fernando Cardoso
Fernando Cardoso
22 de Novembro de 2024 8:45

Eu recebi o meu 48k em 1987, andava eu na primária. Foi a verdadeira loucura. Depois disso ainda tive um spectrum 128k +3 com jogos em disquete de 3” que carregavam quase instantaneamente (era o SSD da altura)! Depois consolas sega megadrive, saturn e em 1996 entrei no mundo do PC e na saga dos upgrades de cpu e gráficas. Foram 11 anos de PC até voltar em definitivo às consolas, no caso a ps3. Desde então não larguei mais o mundo PlayStation e não tenho vontade nenhuma de voltar ao pc.
Assim como o Mário, já levo uns anos disto!

Eu e os meus amigos éramos muito felizes com o spectrum, embora na altura eu desejasse muito que os jogos tivessem mais perto da qualidade dos arcades.
Outra revolução no início de 90 foi o commodore amiga que não cheguei a ter (€€€), mas isso é outra história.

Fernando Cardoso
Fernando Cardoso
Responder a  Mário Armão Ferreira
22 de Novembro de 2024 13:28

Conheci, um amigo tinha um desses. Mas ele jogava os jogos de cassette, esses cartridges e mesmo as disquetes para o meu +3 era difíceis de encontrar em Portugal.
Na revista micromania apareciam lá os jogos todos à venda em disquete, mas tinha de se mandar vir de Espanha e era um balúrdio. Portanto a maior parte dos meus jogos eram em cassete.

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