Decidi recentemente comprar um sistema de GPS portátil para poder usar no meu carro. Apesar de desde sempre ter sido um apaixonado dos GPS’s e ter já um dos meus carros equipados com um sistema VDO e mapas NAVTECH, bem como possuir para o meu telemóvel vários softwares de GPS (Route 66, TOMTOM, e Garmin), não me encontrava realmente satisfeito com nenhum.
A análise que se segue indica as alternativas analisadas e os pontos fortes e fracos encontrados em casa um, bem como o motivo porque o Ndrive acabou por sair o vencedor da escolha.
VDO Dayton Sistema Highline (Rádio, Gps e TV)
O VDO Dayton do meu do carro necessita de actualizações que custam 150 euros cada, e o telemóvel é um sistema de desenrasque. Funciona muito bem, mas em caso de uso do GPS é para esquecer que tenho um telefone, pois a bateria é drenada a um ritmo alucinante.
Nokia N95 8GB
Assim, e dado possuir um segundo automóvel que não se encontra equipado com GPS, decidi comprar um sistema autónomo e dedicado ao GPS que fosse realmente eficaz.
Comecei dessa forma a pesquisar pela internet e a verificar análises e comparativos.
E realmente análises e comparativos valem o que valem. Sinceramente dei tanto valor às que encontrei como sei que os leitores irão dar à minha.
Tratam-se de meras opiniões, e como tal valem o que valem. No entanto não deixarei de dar aqui a minha dado que na maior parte do que li, discordei inteiramente do que disseram.
Na maior parte das análises que vi comparando Ndrive, Tomtom, Garmin e Route 66, o Ndrive era o claro perdedor. No entanto, na minha perspectiva, as análises pecavam pelo seu conteúdo. Analisavam a facilidade do uso dos menus, o tempo de acesso aos satélites no 1º arranque, e a forma de acesso à informação. Pareciam esquecer que o que ali estava em causa era isso, mas não só, sendo que a qualidade dos mapas e da informação presente no GPS era o ponto mais importante e o motivo porque as pessoas realmente compram um sistema deste género é exactamente a precisão dos mapas.
Route 66
Posso dizer que desde sempre fui um fan do TOMTOM. Os primeiros GPS que testei foram o TOMTOM e o route 66. A nível de mapas sempre considerei o TOMTOM melhor, mas tal não se trata de uma realidade, mas de uma questão de posição geográfica. É que efectivamente, pude verificar que, se o TomTom é mais detalhado em alguns locais do país, o Route 66 ganha a vantagem em outros. Ou seja, ambos os sistemas falham a nível de cobertura, sendo que, dependendo da zona onde nos encontramos ora um é melhor, ora o outro é melhor.
No entanto, a vantagem acabava por cair para o lado do TOMTOM pela facilidade de uso dos seus menus.
TomTom
Mais recentemente o Garmin entrou em cena, e tive a oportunidade de o experimentar. E fiquei cativado! Apesar de uns menus bastante inferiores e muito mais complexos a nível de uso do que os apresentados pelo TOMTOM, nos locais onde pude testar o Garmin este apresentou sempre uma excelente cobertura, bem como apresentava indicações sonoras mais completas do que o TOMTOM, como por exemplo, ao entrarmos numa recta, a indicação que iríamos seguir em frente durante X Km, informação esta, completamente inexistente em todos os outros sistemas.
Aos poucos comecei a converter-me ao Garmin, e a considera-lo como o meu sistema de eleição.
Mas no caso de um sistema independente para automóvel, a coisa muda um bocado de figura. Estes sistemas são bastante mais complexos, com mais opções, e com extras, alguns dos quais que até nada tem a ver com o GPS em si, mas que se revelam muito interessantes.
Sinceramente, apesar de saber que se trata de um bom sistema, o route 66, apesar de lhe reconhecer qualidades, por ser de todos os três sistemas que já havia testado aquele que menos me cativava foi colocado de parte. A comprar iria optar entre o TOMTOM ou o Garmin.
E ambas as marcas ofereciam grande número de escolhas. Desde os modelos mais básicos até aos mais complexos!
Com mais ou menos opções, pior ou melhor hardware, havia para todos os gostos.
O Garmim apresentava-se como a minha primeira escolha pois estava satisfeito com o mesmo. No entanto um GPS com as características que eu queria rondava os 300 Euros.
Kit Bluetooth, emissor FM, centro multimédia, GPS com excelente cobertura nacional e ecrã de 4.3″ tactil, Lane assist (assistência de escolha de faixas), eram as ofertas da Garmin.
Por este preço a TomTom oferecia algo de muito semelhante, com o acréscimo da tecnologia IQ routes que determina o percurso baseado no tráfego da zona (e que se revela uma valente treta por ser baseada em estatísticas a não em dados reais, podendo desta forma estar a obrigar a desvios completamente desnecessários). No entanto, a menos estavam as capacidades do seu centro multimédia, que apesar de reproduzir Imagens e MP3 não era capaz de reproduzir filmes. Um ponto de menor importância dado que a escolha aqui era de um bom sistema de GPS e não um bom centro multimédia, mas no entanto não deixava de ser um ponto a ponderar.
E desta forma o Garmin foi escolhido, e estive mesmo para o comprar. Até que alguém me chateou a cabeça para testar o GPS nacional, o NDRIVE.
Garmin
As criticas que tinha lido na NET eram de que o sistema não se aproximava dos restantes a nível de qualidade, mas garantiram-me que não era bem assim, especialmente porque a versão 3.0 havia sido lançada recentemente e havia suprimido muitos dos problemas apontados a este GPS. Para que pudesse ver por mim mesmo emprestaram-me um sistema entrada de gama, um G50 para que pudesse testar.
E o que vi surpreendeu-me!
Efectivamente as críticas tinham razão quando falavam da acessibilidade. Algumas opções como o volume ou o brilho do ecrã estão enterradas no meio de menus, não sendo de acesso directo, mas ao contrário das críticas não achei que isso fosse assim tão importante. Após regular o brilho e o volume para valores convenientes, estas opções dificilmente voltarão a ser acedidas. E o GPS possuía um ecrã deveras bom, com boa legibilidade, que é visível durante o dia, mesmo com pouco brilho.
A outra critica, o tempo de demora na captação de satélites também tinha o seu que de verdade.
Efectivamente quando liguei um Ndrive novo pela primeira vez (um G800R), demorou quase 10m a captar sinal. No entanto, as ligações posteriores captaram sinal em menos de 5 segundos. Se os outros são mais rápidos, pouco interessa pois 5s é um tempo perfeitamente aceitável. O Gps nunca perdeu sinal ou apresentou dificuldades na captação do mesmo, ao contrário do que algumas críticas referiam sobre problemas no Ndrive na captação de sinal em zonas de edifícios altos. Pois bem, o G800R testado não só não apresentou esse problema como inclusive captava sinal em zonas cobertas e no interior de edifícios, onde o Tom Tom One, por exemplo, não captava. Surpreendentemente bom!
Mas o que me surpreendeu foi a qualidade dos mapas. Já munido de um sistema G800R, percorri Porto, Maia, Ermesinde, Vila do Conde, Póvoa, Barcelos, Braga, e finalmente o teste nas Terras do Bouro (Gerês). Fiquei parvo quando me apercebi que durante todo o percurso o GPS não deu uma única indicação errada, possuindo todo o tipo de caminhos rotundas e vielas, incluindo mesmo caminhos de acesso particular e sem saída, alguns dos quais não passam de simples terra batida.
A página da Ndrive indica uma cobertura nacional de 99% e sinceramente pelo que vi, não deve andar longe da verdade!
Locais onde eu já havia visto que o TOMTOM e/ou o Garmin falhavam (pequenos pormenores como ausência de rotundas ou de caminhos), foram indicados no Ndrive sem qualquer falha.
Esta cobertura convenceu-me! A nível de GPS, apesar da acessibilidade dos menus não ser a mesma apresentada num TOMTOM, isso tornava-se quase irrelevante. Numa viagem de 3h, preocupa-me mais ter a certeza que não vou perder tempo e gastar dinheiro a ir por caminhos mais longos do que em perder mais 20 segundos a navegar nos menus para introduzir a morada.
Uma das críticas que li de alguns utilizadores foi a de erros nos percursos. Alguns utilizadores indicavam percursos de quase mais 20 Km no Ndrive do que noutros sistemas. Dessa forma resolvi testar. Arranjei algumas moradas diferentes em diversos pontos do Pais, e introduzi as mesmas no TomTom, Garmin, Ndrive e Nokia Maps. Todos eles apresentavam valores semelhantes com diferenças máximas de 2 a 3 Km em percursos cuja distância mínima era 40 Km e a máxima cerca de 380 Km (todos eles com mapas actualizados). Quanto ao que dava o percurso maior, era variável. Umas vezes um, outras vezes outro. Podia contudo ter dado vantagem ao Ndrive aqui, pois tinha conhecimento de ruas que eram desconhecidas pelo TOMTOM e/ou Garmin (desconhecidas totalmente ou nomeadas como Rua Desconhecida), mas não era isso que pretendia aqui.
A tecnologia Lane assist não é uma realidade neste GPS, mas é algo que considero como perfeitamente dispensável. É um bom auxiliar em zonas confusas, mas o Ndrive substitui a mesma colocando, nas zonas mais complexas, o trajecto a efectuar-se de forma bem visível. Assim é logo clara a saída a tomar sem ser necessário este auxiliar. Assim, sobre o trajecto já marcado é colocada uma seta com a indicação exacta do percurso a seguir de forma a se tomar perfeito conhecimento do trajecto a efectuar.
Lane assist TomTom
“Assistente de curvas” Ndrive
Em compensação, o G800 possui o melhor centro multimédia que já pude ver, com jogos, leitura de imagens, Mp3 e filmes nos mais diversos formatos (WMV, AVI (Divx, Mpeg4, etc)).
Menu principal Ndrive
Outro grande extra é as imagens por satélite: Das zonas testadas, Ermesinde, Maia, Porto e Braga estão cobertas por fotografia aérea, sendo que muitas outras cidades portuguesas se encontram igualmente cobertas. O GPS traz um cartão de 8 GB com os mapas e as fotos, que se revelam de grande interesse. Cada zona está fotografada de 4 ângulos diferentes, que alternam consoante a direcção de movimento do veículos.
Apesar do notório interesse, esta capacidade foi considerada como um ponto de distracção por muitos analistas. Pessoalmente achei este modo o ponto mais forte do GPS, pois permite a localização fácil baseada em pontos reais do terreno (virar à esquerda logo após a torre azul, por exemplo).
Navegação em foto real
Não se entende aliás como se pode criticar esta opção, dado que ela acaba por ser um mero extra. Quem pretender pode desactivar as fotos aéreas mantendo apenas os mapas tradicionais.
Mas mesmo nos mapas tradicionais, para além da extraordinária cobertura, o Ndrive dá cartas, com os principais monumentos a aparecerem a 3D sobre o mapa. Aliás é nos pontos de interesse que o Ndrive se revela insuperável. Mais de 290.000 pontos de interesse em Portugal e Espanha, com quase 400 edifícios 3D tornam o GPS inigualável nesse campo.
Monumentos 3D
Mais ainda, os pontos de interesse são acompanhados de textos descritivos e mesmo fotografias. Durante a navegação pelas Terras de Bouro carreguei no ecrã sobre o ícone de um ponto de interesse que estaria a passar naquele momento, mas que não estava a ver. Quando toco sobre o mesmo aparece-me um balão com a indicação de que seria uma estátua a um professor. Foi ai que me apercebi da mesma na praça que se aproximava. Ao carregar novamente no balão, uma janela com um texto descritivo da historial da estátua, bem como uma foto da mesma coloca-se no ecrã. Algo deveras interessante, especialmente se considerarmos que aquele seria um monumento menor e colocado em um local de menor interesse turístico. Estou curioso de ver o que dará numa torre dos clérigos ou em uma Torre de Belém.
Balões de pop-up no Ndrive
O sistema navega por morada, código postal (7 dígitos max) ou coordenadas, sendo este último modo muito preciso.
O Ndrive indica igualmente a velocidade máxima permitida em todos os troços de estrada. Esta informação falha, naturalmente, pois num troço, mesmo pequeno, a sinalização pode impor vários limites. Assim, o Ndrive baseia-se em algum conhecimento da sinalização existente, mas quando a mesma é desconhecida, no tipo de estrada. Isso garantirá sempre que mesmo que o limite de velocidade real do local esteja a ser quebrado a multa será a de uma mera infracção e não uma manobra perigosa ou muito perigosa. Esta indicação adicional aparece na parte inferior do GPS ficando a vermelho se a velocidade do veículo for superior.
Da mesma forma não poderia deixar em claro o aviso antecipado da presença de sistemas de radar, com a indicação bem clara quer por voz quer no ecrã, da presença do mesmo e da velocidade máxima ali permitida.
Todos estes pontos de interesse e posições de radares não são uma exclusividade Ndrive, mas para além do seu grande número e actualidade, estes ainda podem ser actualizados pelo utilizador. O Ndrive é compatível com o Google Earth, e todos os pontos assinalados no mesmo podem ser importados para o Ndrive, sejam eles favoritos, pontos de interesse, limites de velocidade ou radares. Assim, cada um pode manter o seu sistema actualizado ou inclusive ir buscar bases de dados que são fornecidas por outros utilizadores.
O Ndrive não permite acrescentar estradas ou corrigir sentidos, mas dado que, pelo menos até ao momento, as actualizações são gratuitas, a indicação de tal facto à ndrive garantirá que o problema seja corrigido no próximo lançamento do mapa.
Considerando ainda que o G800R possui kit mãos livres bluetooth com gestão de chamadas e um emissor FM para que, quer o seu funcionamento normal, quer as chamadas, possam ser audíveis no sistema de som do carro sem o uso de fios, este GPS torna-se sem dúvida o mais apetecível de todos. Acrescentemos a isto o seu preço de 179.90 euros e é sem dúvida a escolha acertada dado que as outras marcas apenas oferecem todas estas opções em sistemas na ordem dos 300 euros.
O Ndrive é um sistema que corre sobre o Windows CE. Para todos os efeitos e apesar de disfarçado numa caixa robusta, numa borracha macia e suave, trata-se efectivamente de um PDA. As vantagens de tal é que, apesar de não ser de forma oficial, o sistema pode instalar outros softwares. Tal inclui jogos e utilitários, bem como outros sistemas de GPS para PDA, sejam eles o TOMTOM, o Garmim, ou o Route 66.
Foto real Ndrive
O sistema é fornecido com um cartão SDHC de 8 Gigas, um cabo USB, um suporte para o carro de excelente qualidade e com excelente fixação à base de ventosa e de um sistema de criação de vácuo, um carregador de isqueiro e um carregador de tomada.
Existem contudo pontos negativos: Aparentemente um deles é a assistência. Até ao momento enviei já dois e-mails a questionar sobre algumas situações que demoraram bastante tempo a obter resposta. No entanto por desconhecer a qualidade do serviços dos outros não entrarei em comparações.
Outro dos pontos é a ausência de um manual em condições. Não só o que vem com o GPS é ridículo, mas o que se encontra disponível na página da Ndrive é igualmente fraco e mais dedicado às versões para PDA e Telemóvel.
A informação sobre o GPS existe mas terá de ser encontrada na internet, especialmente em foruns. Esse ponto é vergonhoso, pois os utilizadores ficam a desconhecer as potencialidades do sistema que compram e, provavelmente, poucos podem se dar ao luxo de andar a informar-se desta forma. Um manual decente é uma prioridade caso a Ndrive se queira impor no mercado.