A verdade não dita sobre a geração mais rentável da Sony

A Sony revelou que a geração PS5 era a mais mais rentável de sempre, tendo já superado a rentabilidade de toda a geração PS4. Mas isto não diz toda a verdade, e nem conta a história toda pois não compara laranjas com laranjas.

Num comunicado, acompanhado de um gráfico, a Sony veio dar a conhecer que a geração PS5 é já a mais rentável de sempre.

Eis o gráfico:

Como se pode ver, a PS1 gerou em toda a sua vida, 3 biliões de receita operacional. Já a PS2, apesar de ter sido a consola melhor sucedida a nível de vendas da Sony, gerou apenas 2 biliões.



A PS3 foi um caso inverso. A consola deu um prejuízo operacional de 4 biliões, que foi depois compensado com uma receita operacional recorde de 9 biliões na era PS4.

A PS5, em apenas 4 anos, superou já a receita operacional da Playstation 4, atingindo os 10 biliões.

E esta situação é uma realidade incontornável. Valores que são incontestáveis e reais.

Mas a questão é que eles não dizem a verdade toda!

Para começar, receita operacional e lucro não são a mesma coisa.

A receita operacional é nada mais, nada menos do que o valor que resulta após se deduzir das receitas os custos operacionais, tal como os salários, alugueres, despesas de funcionamento, dividendos, pagamentos de royalties, e custo geral dos bens vendidos.



Mas a isto há ainda que se remover os custos dos chamados COGS, que basicamente é o custo de produção dos produtos que se vende. No caso da Sony há dois tipos de COGS, os relacionados com o custo do hardware que constitui a sua consola, e o custo de produção dos videojogos que não incluem a parte dos salários dos funcionários, dos escritórios, e despesas operacionais, mas sim da produção do produto em si.

Por outras palavras, os valores de cima não refletem os reais lucros da Sony.

E porque interessa isso? Porque tem vindo a público que os custos com a produção dos videojogos está a ser cada vez mais elevado. Ao ponto que, no relatório apresentado pela Sony em Dezembro de 2023, vimos que, apesar das receitas recorde da Sony, a margem de lucro se situou em apenas 6%. Ou seja, de tudo o que entrou na Sony, apenas 6% desse valor se revelou como lucro, o que é um valor consideravelmente baixo.

Há por isso que questionar até que ponto, no capítulo dos lucros reais, a geração PS5 se revela igualmente a mais rentável.

Mas há um outro fator que tem de ser tomado em conta e que está a falhar aqui. Porque uma comparação deveria ser batatas com batatas e cebolas com cebolas, e aqui isso não está a acontecer, deturpando resultados.



E a questão aqui é que as receitas não são as mesmas nas diversas gerações.

Para começar o valor de venda das consolas não tem sido igual. E se na geração PS4 a consola custava 399, aqui ela custa 499, o que aumenta a receita por consola vendida em 100 euros. Mais ainda, a PS4 foi descendo de preço mal a consola deixou de necessitar de ser subsidiada. Mas a PS5 tem mantido o seu preço, o que implica maiores margem de lucro.

Depois, nesta geração, há receitas adicionais que derivam da ida dos jogos para o PC. Basicamente é uma receita adicional que traz poucos custos pois os custos de produção já foram contabilizados no ano de lançamento do jogo na Playstation. Aqui no PC os custos são quase todos eles operacionais, com o pagamento de salários aos funcionários da Nixxes.

Depois temos também os novos Tiers da PSN. E onde antes se pagava 60 euros por um ano, agora o valor sobe para os 100 ou mais. É uma receita adicional bem maior.

E para finalizar temos agora os GAAS. Jogos que são criados para manter receitas ativas, e os utilizadores engajados.



Daí que perante toda esta receita extra é realmente preocupante saber-se que os lucros líquidos sejam apenas 6% da receita (e este é um valor oficial vindo da Sony. Como nota adicional, as margens de lucro normais da Sony são entre 12 a 13%). Porque basicamente o que se percebe é que, sem esta receita adicional, a Playstation poderia estar perto do vermelho. Uma situação que tem levado a Playstation a re-estruturar-se  e a estudar formas de descer os custos de produção.

E essa é a realidade que parece estar a escapar a quem analisa estes valores..

 



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Juca
Juca
15 de Junho de 2024 13:06

A margem de lucro baixa pode ser resultado de muita coisa, e é muito difícil se saber o que se passa realmente na empresa só pelas informações de imprensa ou apenas pelo que se solta aos acionistas. Pois, por exemplo, nesse momento, ela pode ter muitos projetos ainda inacabados e que só trouxeram custos no decorrer dos últimos anos e que ainda não viram a luz do dia pra dar qualquer lucro. Como os balanços financeiros são anuais, é muito complexo avaliarmos apenas o lucro anual (que é a foto de um pequeno momento na história da empresa) para alguém que pode estar, por exemplo, aumentando sua linha de produção. Algo que só dará resultado ou aumento de lucratividade daqui um tempo.

O que se vê, em alguns casos, é o que nos parece ser a injeção de dinheiro de forma demasiada em alguns projetos, como os custos aventados de Spiderman 2, o que aumenta o risco do produto se os resultados não forem os esperados. Esse aumento nos orçamentos de projetos individuais são até compreensíveis, de certa forma, pelas aparentes ambições da Sony e até pelo que tem injetado de valores, igualmente vultosos, em projetos de cunho duvidosos como o filme da Madame Teia / Madame Web.

Então, não há dúvidas que o aumento de receitas geral é positivo, pois “tira mais dinheiro dos consumidores”, e aumenta seu mercado consumidor em termos de valores absolutos e financeiros, e que a margem de lucro pequena revela-se um grande problema se não for decorrente do aumento na linha de produção de jogos (tocando mais projetos em simultâneo que antes), pois, diferente disso a pequena margem de lucro sem o devido crescimento da linha de produção pode revelar-se uma “bomba-relógio”. E se esse não for o motivo da pequena margem de lucro da Sony, é melhor mudar a gerência dos projetos, e/ou conter sua megalomania, pois como diz um ditado, “dinheiro não aguenta desaforo”.

Last edited 6 meses atrás by Juca
Hennan
Hennan
Responder a  Juca
15 de Junho de 2024 18:05

Alguém já parou para pensar o tamanho do prejuízo que foi produzir 10 GaaS em simultâneo. Sendo que mais da metade já foi para o saco.
Anos de investimento e o mais importante, deixou de produzir aquilo que sempre vendeu bem na plataforma. Essa seca atual não é por acaso. E em breve terão que rever a previsão de vendas. 2023 teve um fenômeno chamado Hogwartz Legacy para salvar. A sorte deles é que provavelmente GTA 6 salvará o negócio em 2025.

Juca
Juca
Responder a  Hennan
15 de Junho de 2024 21:25

Hennan, não vou apontar pra quem acho de quem foi a culpa, então, vou falar que foi dos acionistas. Lol
É uma completa loucura, ou coisa de principiante, escantear aquilo em que empresa é boa, para apostar no que ela acredita que será o futuro e baseando-se no sucesso momentâneo de outras empresas. Mas enfim, cada um faz e age como quiser, só é preciso enfrentar as consequências.

Last edited 6 meses atrás by Juca
Deto
Deto
15 de Junho de 2024 15:22

Playstation sim teve que aumentar os investimentos e acabou achatando a margem de lucro porque obviamente a MS tinha enfiado 100 bilhões no xbox a fundo perdido, porque se o xbox tiver que recuperar esses investimentos, vai demorar uns 50 anos.

Está ai um resultado da concorrência desleal, deixaram a MS enfiar 100 bilhões em aquisições no xbox que acabaram obrigado a Sony a aumentar o investimento no Playstation, que tirando Helldivers 2, parece não ter tido resultado até agora.

Compraram a Bungie, de resultado prático não teve nada… A Blue Point agora virou estúdio de apoio, talvez fosse um estúdio que a Sony não teria que comprar se não fosse a MS ter saído por ai tentando comprar tudo que podia para remover do playstation

Se até estúdio first party a MS “tentou se aproximar” para comprar, imagine os parceiros da Sony?

Juca
Juca
Responder a  Deto
15 de Junho de 2024 16:50

Até onde sei a Blue Point está a trabalhar numa IP própria, mas realmente, onde vi, não sei confirmar se é fato ou rumor, então, é tratar como rumor.

Fonte do “rumor”:
https://pbs.twimg.com/media/GPo0w_3WYAEUnpj?format=jpg&name=small

Last edited 6 meses atrás by Juca
Hennan
Hennan
Responder a  Deto
15 de Junho de 2024 18:00

A Sony fez porque quis. Foi erro dela se desesperar. Pagou caro pela Bungie, investiu em 10 GaaS que todos sabiam que daria errado e insistiu no VR. Bastava a esperar a Microsoft se destruir. Agora não adianta chorar.

Edson Nill
Edson Nill
Responder a  Deto
15 de Junho de 2024 20:55

Acho que com essa nova realidade de produções mais longas, as empresas comprarão mais estúdios de suporte. Dias atrás, a Nintendo comprou uma tbm!

Juca
Juca
Responder a  Edson Nill
15 de Junho de 2024 21:30

Não vejo a Bluepoint como estúdio de apoio como o Deto insinua, e se fosse pra palpitar, eles devem estar fazendo um remake de Bloodborne pra PS5 e PC.

Hennan
Hennan
Responder a  Juca
15 de Junho de 2024 21:34

Pelos boatos divulgados, esse remake não está em produção. O que deram a entender é que a From está disposta a trabalhar no projeto, mas o preço exigido é maior do que a Sony deseja pagar. E a Sony também não quis relegar a outro estúdio. Lembrando que são boatos.

Juca
Juca
Responder a  Hennan
15 de Junho de 2024 23:23

Bloodborne 2, pela From faria sentido, um remake acho desperdício de dinheiro.

Edson Nill
Edson Nill
Responder a  Juca
16 de Junho de 2024 1:08

Tbm não enxergo assim! Eles estão fazendo um AAA novo pelo que li em algum lugar.

Daniel Cardoso
Daniel Cardoso
16 de Junho de 2024 13:11

Pra mim pode ser a mais lucrativa, uma coisa é facto, na Ps6 não faço questão de voltar a ser clientes deles. A Sony está a precisar de levar outro abanão como foi com o Ps3.

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