A Sony e o puritanismo por detrás da censura

Estamos em 2019. Mas a Sony continua a portar-se como se estivéssemos há 20 anos atrás, tentando impingir valores a sociedades diferentes da sua cultura nativa, e criando um puritanismo que ninguem lhes pediu para ter.

A política de censura da Sony está a ser vergonhosa. Não é que os videojogos estejam a passar qualquer tipo de limites ou a necessitar de qualquer regulamentação para além da já existente, e que cataloga os jogos de acordo com as faixas etárias.

Mas a realidade é que a Sony está a optar pela censura, que não só não é aceitável, como se revela mesmo hipócrita quando a Sony apresenta imagens de violência extrema e gratuita como as visualizadas em The Last of Us 2, onde vemos um braço a ser esmagado com um martelo, e uns intestinos ao dependuro após um esventramento, mas depois obriga os produtores a tapar mais os seios de uma menina que nem sequer estavam destapados, mas apenas menos cobertos.

Esta situação tem pouco de aceitável, até porque os jogos são maioritariamente multi plataforma, e apenas a Sony possui esta postura, e tal tem levado a uma onda crescente de desagrado por parte de fans e produtores.

O mais recente protesto surge de Mark Kern, ex produtor na Blizzard, que foi bem vocal no seu Twitter contra a imagem de “puritanismo” que a Sony está a querer passar.

Vamos citar o apanhado dos seus Tweets, num texto único:



Há uma nova onda de puritanismo a atingir os videojogos. A Sony USA está a ditar aquilo que são os standards da Sony Japáo para a censura. Os EUA possuem um longo historial de pânicos morais  (Alguem se lembra da proibição?). Estamos presos numa nova. E irá baloiçar para trás mais uma vez, mas é ridículo neste momento.

Acho verdadeiramente perturbante que os EUA estejam a impor o sey presente pânico moral a outros países e culturas, bem como a criadores de jogos estrangeiros. Os EUA serem os polícias do mundo no que toca a moralidade é aquilo que denomino de “opressão cultural”. Mais vale ir lá para fora e colonizar novamente.

Do ponto de vista empresarial, há riscos em ceder ao pânico. Tal como todos os pânicos, é uma forma de histeria colectiva de massas. Não é real, e na realidade os compradores não querem saber dela para nada, apenas os puritanos e aquelas partes das redes sociais que levantam ruído. O meu conselho às empresas de videojogos: Não cedam: Irão perder clientes!

Aqueles que são quem compra os jogos não querem saber da censura. Da mesma forma não há nenhum “mercado de massas não acedido” que irá magicamente aparecer e comprar mais jogos se a empresa “acordar” o suficiente. Perguntem aos criadores das BD da Marvel e Star Wars. Não funciona.

Já o contrário, o levantar-se e lutar contra a censura ajudou a melhorar as vendas sempre que vi uma empresa a fazê-lo. Não apenas mantiveram, mas aumentaram as vendas e a visibilidade que de outra forma poderiam nem ter.Daí que façam isso. Mostrem esse umbigo. 

As implicações deste tipo de censura estão aí. Alguns produtores cedem, outros não e há mesmo casos onde perante a pressão da Sony os produtores acabam por optar por nem lançar o jogo na consola.

E quem perde com isso? Claramente o consumidor!
No caso que se segue, a XSEED , criadores de Senran Kagura Burst Re:Newal mostram a cedência perante a pressão da Sony, ao remover o modo “intimidade” do seu jogo na PS4, respeitando assim os desejos do detentor da plataforma.

Como se percebe, a empresa decidiu adiar o lançamento do jogo de forma a remover o modo “Intimidade” da PS4.
Se não te ergues contra as coisas que não gostas, quando eles aparecerem com novas coisas que abrangem as coisas que gostas, já perdeste” – Neil Gaiman
Não gosto do modo intimidade em Senran Kagura. Mas sempre o aguentei, porque…. bem, por isto! É assim que as coisas começam meus amigos.
Bem vindos aos novos anos 90.
Outro exemplo, mas diferente veio da PQube, quando pressionados pela Sony para alterarem o seu Omega Labyrinth Z que iria sair para a PS Vita e PS4. Aqui a empresa refere que cede aos desejos da Sony… mas que isso implica o cancelamento do jogo tanto na PS Vita como na PS4.
View image on Twitter

Esta é uma posição louvável. Sim senhor, a Sony quer que o jogo seja censurado. Aceita-se e respeita-se, até porque eles são quem tem a faca e o queijo na mão. Mas dado que não se concorda, até porque isso implica alterar a visão original do jogo, o jogo fica cancelado. É de aplaudir!
Desta forma, ambas as consolas ficaram sem o jogo. E mais uma vez, graças a uma postura incompreensível e totalmente criticável da Sony, os possuidores das consolas foram quem ficou a perder!

Conclusões

Não é que não achemos que os jogos necessitam de ser controlados e verificados para garantir que não há abusos da parte dos produtores. Mas convenhamos que esses abusos estão longe de existir! Aquilo que os jogos nos trazem não é mais nem menos do que aquilo que outros meios de media nos trazem. E muito mais controlado!

Para além do mais, existindo os escalões etários definidos nos videojogos, a censura de conteúdos em jogos que não são de forma alguma abusadores, mas sim meramente sexy ou algo eróticos é inaceitável. Não é que estejamos exactamente perante pornografia ou algo assim. E a Sony com esta postura não está exactamente a arranjar amigos, mas sim a criar um clima de descontentamento, e uma onda publicitária que se revela má publicidade, totalmente desnecessária. mais vale proibir, de forma discreta, os jogos de entrarem na plataforma, do que censurar os mesmos.

Mas perante a realidade das coisas, o que podemos dizer é apenas que é triste, e que a Sony pode vir a colher os frutos daquilo que está a semear.



error: Conteúdo protegido