A dificuldade entre comparar um GPU de uma consola com o de um PC.

As pessoas não entendem uma comparação entre o GPU de uma consola e o GPU de um PC.

Peguemos numa RTX 3070 da Nvidia… Será que ela é comparável a uma 3080? ou 3090?

Claro que não! A 3070 é um GPU com menores capacidades que a 3080 ou a 3090, pelo que nunca será comparável aos restantes GPUs. E neste ponto, todos estamos de acordo.

Mas apesar de isso ser uma realidade, ela é uma realidade que se aplica quanto todos os GPUs são comparados dentro da mesma realidade de hardware e de software.

Eis aqui três exemplos para explicitar o de cima, e para estes vamos ignorar a existência dos modelos TI, Super, e Ti Super, imaginando que no mercado apenas existem a 3070, a 3080, e a 3090.

Exemplo 1

O Manuel e Joaquim compram ambos uma 3070 da mesma marca e modelo. Supostamente dois GPUs exatamente iguais.

Eles viram benchmarks e viram que no jogo que jogam a 3070 alcançaria os fps desejados, a 3080 nesse jogo seria mais rápida e a 3090 ainda mais.

Mas quando montam o GPU nos seus PCs vemos diferenças.o Manuel tem uma motherboard com um chipset entrada de gama e memórias mais lemntas, e o Joaquim uma board com um Chipset topo de gama e memórias rápidas. E vão ver os benchmarks, e apesar de o Manuel ter os 60 fps desejados, o Joaquim tem mais 10 fps que o Manuel.

Quer isto dizer que a 3070 do Joaquim é melhor que a do Manuel? Não, não é, mas a realidade é que o Manuel, para igualar, ou passar, as performances do Joaquim usando o seu hardware, precisaria do GPU acima, ou seja, neste exemplo onde não há outros modelos, uma 3080!

Nesse sentido se o computador do Joaquim for comparado ao do Manuel, poderemos dizer que o seu GPU é comparável a uma 3080. E isto porque como já vimos, a 3070 não chega para o igualar. Isto não quer dizer que para performances equivalentes o Manuel precisaria de uma 3080. Isso não quer dizer que a 3080 não pudesse passar a 3070 do Joaquim, mas a fazer-se essa comparação, o que podemos dizer é que o GPU que garante ao Manuel igualar, ou passar o Joaquim, é uma 3080, pois esse é o GPU que ele requer para se obter as performances do Joaquim.

Exemplo 2

Num outro exemplo, o Manuel e o Joaquim tem o mesmo GPU, e exatamente o mesmo hardware nos seus PCs. Mas o Manuel corre o Windows, e o Joaquim corre o Linux. E vamos a ver as performances, e o Joaquim, mais uma vez, tem mais 10 fps.

Desta vez sendo a causa o software, a realidade é que os dois sistemas não se comportam da mesma forma. E mais uma vez o Manuel precisaria de uma 3080 para poder ter, ou passar, as performances do Joaquim. Ou seja, o GPU requerido para o Manuel igualar ou superar as performances do Joaquim, seria uma 3080.

Exemplo 3

Vamos agora ver um novo caso, e desta vez inverter a coisa para o Manuel não ser sempre o coitado. 😉

E então quem tem a motherboard e ram melhores, e o Linux é o Manuel, sendo que o Joaquim usa uma Board de baixo custo, RAM barata, e o Windows.

E agora o Manuel testa e tem mais 20 fps que o Joaquim, sendo que, agora a 3080 já não bastaria, e o Joaquim precisaria de uma 3090 para igualar.

Poderíamos assim dizer que, para o hardware do Joaquim, o GPU que ele precisaria para igualar o Manuel, seria uma 3090.

Claro que estes exemplos são teóricos, mas penso que esta realidade não é difícil de se compreender, mesmo para os fans do PC, pois eles sabem bem como esta realidade funciona e deparam-se com ela no dia a dia, e os master racers tem um cuidado extremo na escolha de todas as peças no sentido de otimizar as suas performances. Aliás, não é à toa que quando vemos benchmarks, há sempre o cuidado de se referir a totalidade do hardware e software usado para o teste.

Nesse sentido não se compreende bem a dificuldade de alguns de perceber que esta realidade que acabamos de referir se passe igualmente na PS5. Afinal o hardware não é exatamente igual, mas optimizado, o software é diferente e igualmente optimizado, os API’s são também eles mais capazes, o hardware é único, e há toda uma quantidade extra de fatores que atiram as performances para cima.

Uma consola não é nada mais, nada menos do que hardware que foi altamente optimizado para funcionar em conjunto e com o intuito de correr jogos. Isso quer dizer que as performances quer do hardware, quer do software, seja o OS, seja o API, estão criados para otimizar todo o sistema ao máximo, e isso implica que a consola consegue performances superiores ao que consegue o hardware que lhe deu origem, montado num simples PC a correr o Windows.

Basicamente, quando se refere que o GPU equivalente ao usado na consola, do PC, é o GPU A ou B; não se quer dizer que esse hardware seja efetivamente equivalente. Tal como a 3080 ou a 3090 não eram equivalentes à 3070 dos exemplos de cima.

O que se quer dizer é que, um PC, para ter, em todos os casos, em todos os jogos, e em toda e qualquer combinação de hardware do PC (considerando sempre o cumprir dos requisitos mínimos), performance igual ou superior à da consola, ele requer esse GPU.

É assim que a coisa funciona. Dizer que o GPU de uma Pro se equivale a uma 4070 não quer dizer que o GPU AMD ali presente tenha as mesmas capacidades. Porque esse mesmo GPU testado num mesmo PC, com as mesmas condições de teste, face a uma 4070, nunca seria comparável. Aliás as capacidade de hardware destes GPUs nem sequer são comparáveis, pois os GPUs NVIDIA têm capacidades não presentes nos AMD.

Mas a realidade é que no ambiente PlayStation, com todas as capacidades de optimização existentes para o sistema, as suas performances sobem, e isso implica que no PC se vai ter de escolher um GPU mais alto para se garantir, em todas as condições de hardware e software, que se iguala as performances da consola. E performance por performance, é aí que temos de procurar a equivalência, por muito incongruente que ela soe.