Criadores da primeira Micro Transação referem: “Não tínhamos ideia do que estávamos a criar”

A forma como as micro transações assumiram um papel primordial nos videojogos, onde em alguns casos penalizam a jogabilidade, ou tornam o jogo num poço sem fundo de investimento, é uma situação que os criadores da primeira micro transação nunca pensaram poder vir a existir.

Criei um monstro

Esta frase é muito vulgarmente usada quando as consequências de algo fogem ao controlo do esperado, e se tornam em algo indesejável. E apesar de esta não ter sido a frase usada pelos criadores da primeira Micro Transação, a realidade é que a ideia transmitida acaba por ser a mesma.

Estávamos a 3 de Abril de 2006, quando a Oblivion resolveu vender uma armadura para um cavalo em Oblivion. Era uma mera peça estética, sem qualquer influencia na jogabilidade, mas o certo é que esta ideia deu origem a algo que fugiu a todo o controlo, e agora é visto como algo indesejável e que está a destruir os videojogos.

Segundo os criadores do jogo, a ideia por detrás dessa Micro Transação nunca foi a criação de micro transações, mas sim e meramente um teste. Na altura os DLCs eram normalmente vendidos fora do jogo, e a ideia era testar o desbloqueio por download de situações adicionaissendo que a venda dessa armadura não foi mais do que um teste para isso mesmo. Ver até que ponto a empresa conseguia fazer o download, desbloquear e implementar dentro do jogo, conteúdo adicional pago.

Apesar de o “DLC” ter sido mal aceite, uma vez que a comunidade teve uma visão mais ampla das consequências do que a equipa que o criou, a realidade é que na equipa ninguém teve essa consciência. E daí que referem:



Nunca ninguém tinha feito isso antes. Literalmente fomos pioneiros. E a Bethesda não tinha a noção do que estava a fazer na altura. Nós não tínhamos.

Acrescentam ainda:

Apenas com muita clareza poderíamos ter visto que aquilo não era o que as pessoas queriam, e basicamente fizemos-lhes uma careta sem nos apercebermos disso. Penso que parte da história que aprendemos com a questão do cavalo é “Vais cometer erros se és o primeiro a navegar nessas águas”, ou algo assim.

Mas apesar de a equipa reconhecer o seu erro, os verdadeiros culpados pela existência de Micro Transações não foram eles, mas sim os Gamers.

Isto porque apesar da enorme polémica que a coisa levantou, a popularidade da armadura foi comprovada pela carteira dos Gamers. Ao mesmo tempo que a Bethesda estava debaixo de fogo pelo lançamento desse conteúdo pago, os gamers estavam a comprar o mesmo.

E apesar de toda a polémica e de mais que uma década de “memes”, aquilo vendeu aos milhões… E isso foi uma espécie de consciencialização para a equipa, pois apesar de todos estarem a dizer mal, a coisa vendia massivamente.

Este é um tema que já abordei aqui. No fundo todos nós temos culpa, de uma forma ou de outra, do estado da indústria. Criticar as coisas, mas suportar na mesma é um telhado de vidro em quase todas as casas! E infelizmente torna-nos a todos, apesar que a uns mais do que outros, responsáveis pelo estado das coisas.

 





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Guca
Guca
22 de Outubro de 2024 11:10

Eu acredito que todos estes problemas relacionados com microtransanções, DLC, optimizações, serviços, etc… São de facto responsabilidade dos consumidores e deveríamos ter a consciência de não alimentar aquilo que é imposto pelas empresas que forçam este tipo de politicas. Eu pessoalmente não sou contra as espansoes, mas quando as espansoes são do género Witcher 3 como exemplo.

Juca
Juca
Responder a  Guca
22 de Outubro de 2024 11:48

Eu não sou contra DLCs, mas desde que esses não sejam resultado de jogos cortados para serem complementados depois propositadamente; e as DLCs precisam aumentar a experiência do jogador naquele jogo. Essas meramente cosméticas são puro farm nos consumidores mais aliciados.

Juca
Juca
22 de Outubro de 2024 11:43

A vítima pode colaborar com facilidades para o algoz, mas isso não a faz o principal culpado da coisa, no máxomo tem culpa solidária, quem produz e põe pra vender estrategicamente e maliciosamente as coisas e que sabem que há ignorantes ou compulsivos que caem em seu golpe é que são os verdadeiros culpado. Antes do ato volitivo de comprar existe o ato volitivo de criar e por a venda, o que vem antes é o principal culpado, pois mesmo que ninguém comprasse, eventualmente alguém iria insistir na ideia maliciosa, veja a Sony insistindo nos jogos como serviço, por exemplo.

Antonio
Antonio
22 de Outubro de 2024 12:11

Não sou um dos que suporta este tipo de jogos ,só compro se não tiver ou se não influenciar directamente o jogo.Ainda espero que no país dos iluminados mais tarde ou mais cedo alguém vá para tribunal pedir que esse tipo de práctica entre nas leis do jogo e casino…para mim já equivale em muitos jogos ..o vício e o gastar milhares ..não sei não.

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