Estão os jogos antigos a matar os jogos novos devido ao custo do hardware?

Os dados sobre fracas vendas de jogos e o crescimento do PC como plataforma, sem que no entanto haja um aumento equitativo da venda de hardware mostram uma ralidade inédita no universo dos videojogos. O custo do hardware está a matar o crescimento da industria, os novos jogos não vendem, e os Indies e jogos antigos, capazes de correr adequadamente no hardware existente, estão a tomar conta do mercado.

Os primeiros dados que referimos sobre este assunto foram publicados num artigo sobre o Tokyo Game Show, e onde relatamos que o mercado PC no japão teve um crescimento de 300%.

Ora esse crescimento não foi acompanhado de vendas de PCs, mas deveu-se isso sim, maioritariamente ao reativar de máquinas antigas e à venda de jogos Indie.

A situação despertou imediatamente alarmes, que nos fizeram pensar na realidade do mercado. O preço do hardware está incomportável, e o hardware de topo, quase indispensável hoje em dia para performances decentes, está pela hora da morte.

As consolas, essas não acompanham o PC, e mesmo essas não tiveram reduções no preço em quatro anos, sendo mesmo que a PS5 Pro tem um preço exorbitante que afasta tudo e todos da mesma.



Resumidamente, o mercado dos videojogos está caro, e isso tem levado as pessoas a procurar alternativas que tem passado pelo reativar de PCs e consolas antigas que se tem virado para os jogos que ali ainda saem, particularmente os Indie.

Ora um novo estudo apareceu agora, que corrobora esta realidade. E que refere nada mais nada menos do que o seguinte:

JOGOS COM SEIS OU MAIS ANOS, OCUPARAM MAIS DE 60% DO TEMPO DEDICADO AOS JOGOS DE 2022 ATE AO FINAL DE 2023.

 

O gráfico que se segue e que foi divulgado no âmbito desse estudo, não deixa margem para dúvidas.

Se em 2021 os jogos com mais de 6 anos ocupavam 45% do tempo de jogo, em 2023, esse valor subiu para 61%



Ora desses jogos 5 deles lançados há mais de uma década, tiveram mais tempo de jogo dedicado do que todos os jogos lançados em 2022 e 2023.. Juntos.

No global, esses jogos tiveram 25% do tempo global de jogo dedicado por todos os jogadores (17% para sermos exatos). Falamos de Fortnite, Roblox, League of Legends, Minecraft, e GTA V.

Ora não está em causa que estes jogos tem qualidade. Mas a questão é que há muitas alternativas mais recentes que só não pegam porque tem exigências de hardware superior. E isso, naturalmente, exige investimento.

Olhando novamente para o primeiro gráfico, vemos que apenas 23% do tempo está a ser dedicado a jogos com menos de 3 anos, o que inclui os novos lançamentos. É pouco, mas ainda assim é uma boa fatia!



Mas o estudo da Newzoo mostra que nem esse numero podemos considerar pois segundo eles 2/3 desse tempo estão a ser usados nos jogos de lançamentos anuais, como  COD e os jogos de desporto (FIFA, NBA, etc).

Segundo o estudo, os jogos verdadeiramente novos apenas tiveram dedicados 8% do tempo de jogo. O que implica que, mesmo aqueles que investem milhares em máquinas de topo são levados de arrasto pelo mercado, e acabam por não rentabilizar as suas máquinas, ao jogarem o mesmo que os outros.

É mau… muito mau! Mas na realidade, é ainda pior! E isto porque desse tempo, apenas 5 jogos usaram 3,5% desse tempo. Foram eles Diablo IV, Hogwarths Legacy, Baldurs Gate 3, Elden Ring e, surpresa, Starfield.

Retirando esses jogos, restam 4,5% de tempo de jogo. E é para esse valor que os mais de 14000 jogos lançados em 2023 estão a concorrer.

É uma realidade triste que seria bem diferente se o custo do hardware fosse outro. Mas apesar do Covid estar para trás, os preços não desceram… e a industria… está a sofrer!



E o que vemos são jogos a flopar uns atrás de outros, tudo porque o mercado está virado para os jogos antigos, consequência de ser lá que o grosso do mercado se encontra.



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Trevisan
Trevisan
15 de Outubro de 2024 8:37

Jogos bugados, com crashs, cheios de DLC, caros, sem inovação, sem aquele fator de inovação gráfica. As pessoas pelo menos pegam alguns jogos que já estão todos completos, sem crashs e jogam. E o custo de tudo subiu. Jogos mais antigos tendem a ser mais baratos também.

Nuno Sousa
Nuno Sousa
Responder a  Trevisan
15 de Outubro de 2024 11:14

Compreendo o que dizes.
Mas a moeda tem 2 lados.
Não nos podemos queixar depois do rumo que está a ser seguido.
Pouca gente vai esbanjar dinheiro a produzir um novo ip que tem risco de não ser vendido.
Quem é que pode garantir que vende e pedir aos acionistas centenas de milhões?
Á porque tem que ser feito pelo que os gamers querem e não o que querem impingir. É assim tão linear?
Se fizer o que querem é garantia de sucesso? Já não há quem o faça que tenha caído de costelas no chão.
E todos aqueles movimentos de críticas por banalidades, por exemplo a personagem do novo ghost. É um incentivo de vendas? Estamos a contribuir para o sucesso das empresas? Se elas não ganham como havemos de querer que elas produzam novos jogos? Caem do céu? Isto de só se arranjar um culpado tem muito que se lhe diga.

Hennan
Hennan
15 de Outubro de 2024 11:04

Se a questão fosse hardware a correr adequadamente os jogos recentes. Baldurs Gate 3, Elden Ring, Hogwartz Legacy e Starfiled não estariam nessa lista. Aqui é o que tem de mais exigente/pior a correr do mercado.
Já parou para pensar que talvez, só talvez. Subir o preço para 70 dólares, lançar jogo ruim e bugado, enfiar um monte de microtrasação + DLC seja o verdadeiro problema? Qual o maior sucesso desse ano? Wukong. Justamente o game mais pesado do ano. Quando o jogo é bom, hardware não é problema.

José Galvão
José Galvão
15 de Outubro de 2024 11:19

A indústria está a colher aquilo que semeou, desde os jogos GAAS aos jogos que foram saindo num estado miserável, e ainda a falta de criatividade, entre outras coisas, levaram a que o mercado se tenha retraído.
Os jogos de hoje são carregados de bugs e agendas politicas, são desprovidos de alma, e como resultado temos uma série de jogos a flopar e despedimentos em catadupa porque as pessoas optam por voltar ao passado.

Essas contas que fizeste, e que eu já me tinha apercebido, é apenas referente ao tempo que pode ser contabilizado, porque o que não entra nessas contas, é o tempo cada vez mais de pessoas que estão a descobrir o retro, que estão a descobrir as pérolas do passado, abdicando de um presente desinteressante e cheio de esquemas.

É bom que a industria reflita sobre estes dados, porque durante anos tem vindo a tentar impor o que quer ao mercado, ao invés de dar ao mercado o que este procura.

Juca
Juca
15 de Outubro de 2024 11:53

Sendo um pouco generalista, e há exceções, o preço crescente dos jogos sem a qualidade proporcional e sem quase qualquer inovação, explica muito dessa situação. Por outro lado, serviço de jogos ajudam a piorar a coisa pois para ter catálogo, é preciso apostar no passado.
Não acho tanto que o que pese seja o custo da hardware, tendo em vista que PS5 nem é tão caro assim (400 USD no digital é bem razoável). A questão é que com jogos pouco apelativos e caros, quem gosta de jogar, vai dar seu jeito.
Veja, absurdamente, o PS5 Pro tem sido o hardware de consoles mais vendido em todo o mundo, e sim, eu sei que é uma novidade e sim, que há gente pra qual 700/1000 dólares/euros é uma pechincha, e me preocupa a mensagem que mandam para a Sony, mas veja, não sei se é o custo do hardware o fator mais importante a ser considerado.
As sociedades atuais estão muito reminiscentes e tomadas por um sentimento geral de que no passado as coisas eram melhores, e isso também tem seu impacto, junto a falta de inovação, falta qualidade de acabamento crescente, custo crescente do hobby, e mesmo a oferta de jogos em massa de conteúdo antigo por preço atrativo. No geral, não é o que me agrada, mas parece satisfazer muita gente voltar-se aos indies e serviços, seja pelo custo, seja pelo tempo de vacas magras.

Carlos Zidane
Carlos Zidane
Responder a  Juca
15 de Outubro de 2024 12:06

Esse PS5 Pro vendendo muito é realmente preocupante… Consoles não deviam ser assim, isso me deixa realmente chateado. E a Microsoft nem concorrência oferece :/

Livio
Livio
Responder a  Juca
15 de Outubro de 2024 12:09

As sociedades atuais estão … tomadas por um sentimento geral de que no passado as coisas eram melhores….

Isso não é só nos games, mas em todos os setores. Como um hobbie e também um ganho extra eu faço fanutenção eletrônica, na maioria em TVs, e o que me apareceu de solicitação de manutenção em televisores nesses últimos 2 meses foi surpreendente e a grande maioria deles o defeito era no display, isso para aparelhos com no máximo 4 anos de uso, peguei uma TCL que só tinha 2 anos e o display foi de arrasta p/ cima. Enquanto isso, um parente tem uma TV de 2011 que era minha e que a tela funciona perfeita e olha que como era minha essa Tv funcionava com mofdo game ligado para oferecer a melhor qualidade de imagem.

Fora isso, nos jogos antes tinha um game completo no disco e com o mínimo de bugs, não tinha DLC, não tinha microtransação, não tinha update day one, isso significa que sim os jogos de antigamente tinham mais qualidade

Livio
Livio
15 de Outubro de 2024 11:59

Pelo visto o preço do Pro não está afastando tudo e todos, pois hoje na eurogamer saiu artigo a falar que esta, em alguns mercados, está em 1º lugar na quantidade de vendas em consoles.

Preocupante pois se essa métrica se sustentar por semanas a Sony vai ter um belo sinal de que pode colocar o PS6 capado por no mínimo 700 dólares/800 euros

Juca
Juca
Responder a  Livio
15 de Outubro de 2024 12:04

Sinceramente, não me surpreenderia o PS6 ao preço do PS5 Pro. Pra falar a verdade, já é o mínimo que espero da Sony.

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