Os pros e os contra de um Call of Duty no Gamepass

A teoria da Microsoft é que o Gamepass crescesse a um ritmo imparável, o que compensaria as vendas perdidas. Mas o que se viu não foi isso! Não só o Gamepass não alcançou toda a base da Xbox, como falhou em cativar novos utilizadores para a plataforma, talvez porque o mercado receia as consequências para o mesmo em caso de um serviço com lançamentos dia um pegar.

A questão que surge então é: Será que o Call Of Duty é tão grande que vai trazer milhões de pessoas para a plataforma Xbox levando a um boom nas assinaturas do Game Pass? Ou será que o crescimento não vai compensar o que se perde em vendas, e tal será o ultimo prego no caixão da  Xbox? A realidade é que ambas as hipóteses, apesar de extremas, tem pernas para acontecerem.

Claro que do Lado da Xbox/Microsoft a expectativa ao se meter este jogo no serviço é que aconteça o primeiro caso. Porque, sem percebermos exatamente porque, eles parecem continuar a acreditar que o Game Pass é o melhor caminho a continuam a suportar o serviço para que este arranque, sendo que caso o COD vá para lá, arriscando o maior jogo em vendas do mundo.

A questão é que caso a coisa saia furada, a Xbox tem um problema entre mãos. Se a adesão ao serviço não crescer e o que tivermos for apenas o entregar um novo jogo a milhões de membros já inscritos, isso será um prejuízo de centenas de milhões de dólares em vendas. E há que se pensar bem até que ponto isto compensa pois a adesão de um cliente não garante a manutenção do mesmo no serviço, e vir anunciar um crescimento apenas para alguns meses depois terem de admitir que o valor de pessoas no Gamepass caiu não seria uma boa publicidade futura para o serviço, e o dano na imagem existiria.

Para além do mais, caso a coisa falhe o que vão fazer depois? Vir dizer: ” Desculpem lá, mas não há mais Call of Dutys no Gamepass?”.

Basicamente, o que se percebe é que há o risco de potencial prejuizo, mas que mesmo que a coisa funcione, há depois o risco de dano catastrófico à imagem.

Parece assim claro que a jogada ideal era este ano manter o jogo fora do serviço, publicitando a Xbox junto com o jogo e ver como tudo corre. Depois, mais tarde, o jogo entraria, e quem sabe, numa futura release, numa altura em que a imagem da Xbox esteja melhor e mais capaz de aguentar golpes, pensar no jogo lá.

Ah sim, e não podemos ignorar outra realidade: Durante o julgamento com a FTC, houve um leak de um documento que nos mostrava que 13 milhões de utilizadores PlayStation jogaram Call Of Duty nos EUA em 2021. E este número não é um número qualquer, pois estamos a falar de 2/3 da base de utilizadores desse jogo nesse ano. Mas talvez mais importante, o documento revelada que metade desses 13 milhões 1 milhão deles apenas jogaram o Call Of Duty, e 6 milhões gastaram no jogo 70% do seu tempo de jogo.

Ora esta situação cria aqui um problema quer à Sony, quer à Microsoft. Basicamente a Sony não irá gostar de ter o jogo a 80 euros, quando a Microsoft o tem no Gamepass, pelo que a potencial perda de utilizadores é real. E isso quer dizer que um lançamento do jogo no Gamepass cria aqui um problema à Sony, que pode fazer com que esta opte por uma posição de força numa altura em que a Microsoft se encontra fragilizada. E a Sony poderia, caso a Microsoft não criasse igualdade no acesso ao jogo na sua consola, permitindo o seu lançamento na PSN, também dia um, o que poderá ser uma solução com custos que, eventualmente, a Sony poderá não desejar, ou alternativamente, alegando uma postura danosa para a sua consola, negar o lançamento do jogo (e mesmo outros jogos Microsoft) na sua consola caso este não seja retirado do Gamepass.

Numa qualquer outra altura, esta situação seria ouro sobre azul para a Microsoft. Mas neste momento, perante a fragilidade da Xbox, adesões, provavelmente pelo PC, em detrimento de vendas, não seriam certamente o desejado, e trariam largos milhões de prejuízo, especialmente numa altura em que a Microsoft viu a necessidade de colocar os seus jogos na Playstation para aumentar as suas receitas. Com a Xbox sob escrutínio e com ordens para dar lucro, a perda das receitas das vendas, poderá ser fatal para a Xbox.

Claro que se a adesão fosse à Xbox, a Microsoft poderia exigir o pagamento do online, recuperando muito valor, mas dificilmente um possuidor de Playstation que possa optar pelo PC pensará na alternativa consola, especialmente tendo em conta que, devido à decadência de vendas que existe atualmente, o seu futuro é incerto.

Mas esta situação poderia até correr bem à Microsoft. Na melhor das hipóteses poderiam ir buscar 7 milhões de utilizadores à Playstation para o seu Gamepass.

Basicamente o que se percebe é que há aqui uma quantidade enorme de incertezas que não são controláveis. E que perante elas as coisas podem correr mal, ou bem. A grande questão agora é se a Microsoft está em condições de arriscar, e até que ponto a Sony está e, condições de jogar a um braço de ferro com a Microsoft. Mas uma coisa é certa… se a Sony alguma vez teve força para fazer um finca pé, é agora!