Saturação de jogos no mercado está a levar o consumidor a gastar menos.

Não só o número de jogos é enorme, como as politicas de algumas empresas com DRMs, DLC’s e outros afastam cada vez mais as pessoas!

Sendo uma pessoa que acompanha diariamente as noticias dos videojogos, leio cada vez mais relatos de jogos de alto orçamento que ficaram com vendas aquém das expectativas. Da mesma forma leio cada vez mais noticias de que o jogo A ou B que vai ser lançado requer ligação constante à internet, ou que requer internet para instalar, ou que tem micro transações, ou que tem missões que só estão disponíveis por DLC, ou que tem Battlepass, ou que tem acesso antecipado pago, etc, etc.

Basicamente os jogos custam a produzir… e como consequência… são caros! Uma situação que leva a que as pessoas não os adquiram de forma simplificada, tendo a situação de ser ponderada no orçamento familiar.

Ora não só os jogos são caros, como são muitos… e no global são cada vez mais e mais repetições de formulas de jogabilidade já experimentadas e algumas até exaustas. A consequência é que as pessoas optam cada vez mais por jogos baratos ou gratuitos, especialmente aqueles onde os gastos sejam opcionais, e onde não hajam limitações ao que podem obter pelo facto de pagaram menos ou nem sequer pagarem.

Um estudo recente veio mesmo revelar que mais de 60% do tempo gasto em jogos é com jogos antigos, e isso mostra bem a realidade das coisas. Há jogos de elevada qualidade no mercado que podem ser re-jogados. E cujo custo de tal ou por já serem possuídos ou por serem gratuitos, é nulo. E nesse sentido os novos lançamentos, ou são efetivamente flagrantes em cativar o utilizador de qualquer forma, ou tornam-se flops.



O caso mais recente que me recorda é o Star Wars: Outlaws. Basicamente no meio de tanto lançamento esse jogo era o único que, por um motivo ou outro, me chamou a atenção, e que estava na minha lista de compras obrigatórias. Mas no entanto é um jogo que acabei por colocar de lado perante as noticias que tem vindo a lume sobre ele.

  • A instalação requer ligação à internet, o que torna o jogo fisico um embuste.
  • O jogo tem uma missão já publicitada que só pode ser jogada pelos possuidores do Battle pass.
  • O jogo tem “early access” a todos aqueles que pagaram para tal.

Basicamente, para um acesso livre ao jogo, o desembolso total é de 110 euros. E isto sem sabermos se poderão vir a existir compras in-game!

Resumidamente os novos jogos são muitos, são caros, e cheios de truques para apanharem o dinheiro dos clientes.  É uma situação onde o mercado de produção está a crescer mais do que realmente o mercado de consumo. E esse por sua vez está em retração, não só porque há jogos a mais, como pelo facto que os jogos que cativam, que são livres de embustes, e que criaram hype o suficiente para serem procurados, não tem sido lançados e encontram-se adiados.

A questão é que se torna inegável que a diminuição do consumo existe, e que cada vez mais empresas se veem com problemas em rentabilizar os seus produtos. O mercado atravessa atualmente uma crise, e a consolidação do mesmo não ajuda no sentido que obrigou a grandes investimentos que querem agora ver retorno, obrigando a que sejam forçadas medidas impopulares junto dos jogadores para se obter receitas adicionais.

O que sairá daqui, só no futuro saberemos… mas neste momento, as perspectivas para este mercado não são realmente animadoras.

 





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Felipe Leite
Felipe Leite
22 de Abril de 2024 8:01

Boas Mário! Já há algum tempo que eu não comentava, mas esse artigo foi de encontro ao que tem se passado comigo!
Eu demorei muito mais do que o (meu) normal para entrar nessa geração, exatamente por causa de ainda ter muita coisa para jogar da geração passada e essa nova geração ter começado bem devagar.
Com o Horizon e o God of War ragnarok, resolvi comprar uma ps5, joguei os dois(comprei a ps5 com o Ragnarok e comprei o Horizon) joguei o Ratchet & Clank e o Ghost of Tsushima na plus e depois disso, comprei o spiderman 2 e agora o Ff7 rebirth. Estou a espera de uma promoção para pegar o Baldur’s Gate 3, sem pressa nenhuma.
Na geração passada, eu estava sempre em pulgas pelo próximo jogo, pela próxima grande novidade, nessa o sentimento é tipo ” ah… Depois, se der eu pego nisso”.
Acho que realmente a indústria chegou em um ponto de saturação, uns a copiarem os outros e a jogar pelo seguro com franquias anuais ou enfiando micro transações e coisas do género para forçar o consumidor a gastar mais dinheiro e se sentir obrigado a continuar no jogo para fazer valer o investimento.
Não sei o que vem pela frente, mas alguma revolução tem de ser feita. Gráficos mais bonitos e mais detalhados, já não são o suficiente para movimentar a indústria.
Sem contar o tempo bizarro que se leva a desenvolver um jogo e os gastos que atualmente se tem com esse desenvolvimento.
E digo que no final do dia, quando chego a casa, vou dar mais uma volta ao Hades, ao The Binding of Isaac, ou passear por uns prédios baloiçando em teias, só para divertir um pouco.

Felipe Leite
Felipe Leite
Responder a  Mário Armão Ferreira
22 de Abril de 2024 14:26

Percebo perfeitamente!

O meu comentário foi no sentido de que, há tanta oferta, mas tantos jogos são tão copy e paste que eu não me sinto minimamente tentado a pegar neles.
É um paradoxo. Porém parece que dentre tantos jogos, é cada vez mais difícil encontrar os que realmente valem a pena o investimento monetário e principalmente de tempo!

Talvez eu esteja só a ficar velho ????

Trevisan
Trevisan
22 de Abril de 2024 11:29

Ou seja, estamos chegando na época da Atari, cujo o mercado estava saturado de tanta porcaria sendo lançada só com a finalidade de arrancar dinheiro de seus clientes. E sim, hoje o mercado não cresce, estagna e as empresas para cobrir o rombo de suas produções acabam lançando seus produtos em concorrente. Quando esta estratégia começar a ruir, o mercado que outrora já fora lucrativo vai cair em desgraça novamente.

Juca
Juca
Responder a  Mário Armão Ferreira
22 de Abril de 2024 13:53

Acho que os maiores problemas mesmo são os serviços e os jogos como serviço, esses mantém os jogadores ocupados e jogando jogos antigos, essa é a verdadeira saturação, penso eu. Não tem como, num mercado limitado a 250mi – consoles – você querer estar vendendo 10 ou 20 milhões de cópias em lançamentos (jogos com produção cara) quando junto a isso oferece assinatura anual com o valor de apenas um jogo com um catálogo de 100 ou mais jogos, e depois querer que o cliente compre um único jogo pelo mesmo valor, já nos jogos como serviço cooptam o cliente que fica eternamente naquilo se gostar e com atualização periódica se cria uma bolha ao redor daquilo, e fica-se satisfeito. Então, é complexo pra indústria que quer vender sem inovar vender coisas novas quando também tem o intuíto de fazer-se pechichar por jogos ou viciar os clientes num único jogo. No fim, precisarão se decidir, pois a migração é clara, quanto mais alimentam a nocividade para seus clientes, maior a nocividade pra indústria. No fim, é melhor não criar comportamentos nocivos e distribuir as coisas com sabedoria que tentar ser a única e exclusiva dona de um mercado, permitíndo-se brigar pelo dinheiro dos clientes por entregar qualidade diferenciada, ou é o fim pra todos.
Gosto de manga, minha fruta preferida, mas se estiver satisfeito por acabar de comer 1/4 de melancia, não vou querer manga.

Last edited 6 meses atrás by Juca
Juca
Juca
22 de Abril de 2024 11:41

Por aí mesmo, os caras querem controlar os clientes, já não basta arrancar-lhes o dinheiro. Não acho tão problemática a saturação pois acredito que a qualidade sempre se sobressai sobre a quantidade, a questão é que as grandes produções estão trazendo uma falsa qualidade, ou quando a têm, enchem de artimanhas pra sacar mais algum dinheiro dos clientes, sinceramente, está triste a coisa.
Já vai 2 meses que não compro um jogo novo, Ronin não é pra mim (não curso souls like), essa Stellar Blade, até gostei da demo é um AA de classe com ótimas animações e bom combate, mas não tem pré-venda de cópia física no Brasil não sei porque. Então, tenho comprado jogos antigos e menores, alguns de VR ou mesmo completado minhas coleções de clássicos como FFXII que eu não tinha ainda e agora quero os Pixel Remasters, mas parece não ter cópia física de PS4 e PS5, só digital… Complicada essas coisas. Ainda estou na espera de Alan Wake 2 e Baldur’s Gate 3 físicos e nada…

Last edited 6 meses atrás by Juca
Hennan
Hennan
22 de Abril de 2024 14:22

Sinceramente não concordo com a perspectiva negativa. O mercado continua muito forte, variações de receitas são normais em qualquer ramo. Ninguém cresce o tempo todo. Agora não dá pra indústria aumentar os gastos sem limites e esperar que os clientes cubram o buraco. O problema claramente não está na receita, mas na falta de controle de gastos.

Hennan
Hennan
Responder a  Mário Armão Ferreira
22 de Abril de 2024 18:16

Acho que a entrevista do CEO da Sony na última conferência deixou bem claro isso. Há onde cortar.

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