O texto que se segue é um relato real de um utilizador de um carro elétrico (BMW i4) numa viagem de cerca de 4500 Km.
O texto que se segue foi-me enviado, a meu pedido, por um amigo de longa data, e que comprou um elétrico porque eu o convenci dado que este estava altamente indeciso devido ao que lia na internet. E ali ele relata a sua experiência com um carro elétrico numa viagem de cerca de 4500 Km.
Porque me foi solicitado, o seu nome não será identificado.
Eis o e-mail que me foi enviado e que fui autorizado a publicar.
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Boa tarde Mário
A teu pedido eis o meu relato da Viagem que fiz no meu BMW i4 de Lisboa a Düsseldorf.
Como bem sabes, pois tens um carro igual, o i4 anuncia 590 Km de autonomia máxima, pelo que a viagem Lisboa-Düsseldorf, num total de 2232 Km em cada direção, ou 4464 Km no total, poderia ser feita, em teoria, com cerca de 8 cargas.
Mas sendo a viagem feita maioritariamente em auto estrada a autonomia ficou longe desse valor. E neste caso, devido à distância acabei por viajar regularmente a 160 Km/h, atirando a autonomia para valores bastante mais baixos que o normal.
No global, em toda a viagem, tive a necessidade de realizar um total de 15 cargas.
E foi aqui que fiquei agradavelmente surpreendido, pois ao contrário do que apregoam os mensageiros da desgraça anti carros elétricos e pelos quais eu me guiava, estas cargas não me custaram basicamente tempo extra de viagem nenhum.
Das 15 cargas, devido à disponibilidade de carregador no hotel, 4 delas foram realizadas durante a noite, motivo pelo qual o impacto delas no tempo de viagem foi nulo.
Depois, 7 outras foram realizadas durante as refeições, fosse almoço ou jantar.
Apenas uma vez o tempo de refeição não foi suficiente para a carga desejada, obrigando a ter de ir esticar as pernas um par de minutos extra.
Restaram 4 cargas que fiz fora de tempos mortos, mas que não foram completas, tendo gasto em média 22 minutos em cada uma.
Aqui faço a nota que, se fizesse esta viagem e a combustível certamente teria de parar mais do que 4 vezes, e nunca poderia ir almoçar ou jantar e deixar o carro a abastecer sozinho.
Para além do mais, carregar um depósito de um carro a combustão, e ir para a fila pagar, nunca demoraria menos de 10 minutos, pelo que, na prática, em cada uma destas 4 paragens entendo que gastei apenas 12 minutos a mais do que gastaria num carro a combustão.
No total da viagem estimo que face ao que seria o tempo conseguido com um carro de combustão gastei cerca de de 50 minutos mais.
A questão é que se gastei este tempo na viagem, este é um valor em tempo que recupero facilmente na minha vida ao carregar depois o carro em casa durante todo o ano em vez de ter de ir a postos de estacionamento.
Resumidamente, fiquei super satisfeito com o sucedido nesta viagem. Foi a primeira grande viagem que fiz com um carro elétrico, e tendo-me tu pedido que relatasse a viagem depois, pois tu ainda não tiveste a oportunidade de fazer uma viagem assim, descrevo-a como excelente.
Tenho de acrescentar que mesmo que a experiência tivesse sido algo pior, o que ganho em tempo e dinheiro no resto do tempo em que não estou a fazer grandes viagens (ou seja 99.9% do meu tempo), compensaria sempre qualquer perda de tempo adicional aqui.
Mas como ela não foi sequer significativa só posso dizer bem deste elétrico. E dado que eu ia comprar um BMW a combustão, tendo tu sido o principal influenciador para não o fazer, achei que te devia mesmo escrever estas linhas.
A parada frequente em viagens longas é até aconselhável, ajuda a descansar um pouco e até a aumentar a atenção ao voltar a dirigir, algo que só não se torna conveniente pra quem tem pressa, só não entendi a aparente perda de autonomia, no caso é resultado de propaganda enganosa da empresa, ou ao contrário dos carros a combustão, eles não rendem mais num trânsito mais fluido?
Os carros elétricos rendem mais no pára arranca devido à regeneração de energia.
Em autoestrada não há regeneração pelo que a autonomia é menor.
Os fabricantes indicam autonomia para circuitos mistos.
Posso-te dizer que o i4 tem uma bateria de 83Kw e que há cerca de mês e meio fiz uma viagem ao Douro. Aquilo é circuito junto ao rio, com Zig zags constantes, o que implica travagens constantes. Fiz uma média de 8Km/kW, o que apontaria para algo na ordem dos 640Km de autonomia, acima dos 590 anunciados. Em auto estrada a 120/130 normalmente faço 430 a 440Km com uma carga.
Aqui, pela velocidade terá feito menos…
Interessante, realmente tem essa das freadas ajudares, mas achei que ao menos a energia de arranques fosse maior que a necessária para manter uma velocidade e por isso se compensasse um pouco, mas faz sentido, é muito bom para o trânsito na cidade que comparado a estrada, de qualquer forma, 440km é uma excelente autonomia, principalmente para um carro mais pesado e com um motor de excelente torque.
Durante uma travagem o consumo passa de positivo a negativo. O mesmo nas descidas. Isso quer dizer que o carro efetivamente carrega nessas alturas, o que aumenta a autonomia.
Bastava um dos carregadores está com defeito pra estragar toda a viagem. Não sei como é a conservação na Europa, mas mesmo nos EUA a experiência é horrível. A maioria dos carregadores está danificado. E no Brasil, melhor nem comentar.
No Brasil tem?! Lol
Mas seria interessante se esses carros tivessem um revestimento externo de fotocélulas ou mesmo aproveitassem o atrito com o ar pra gerar energia e ir se carregando ao menos parcialmente, quem sabe no futuro.
kkkkk. As próprias montadoras instalaram a maioria no início. Mas com a chegada da BYD esse investimento praticamente acabou. Sinceramente, em um país que metade da população não tem acesso a saneamento básico. É difícil imaginar que algum dia teremos a infraestrutura para manter carros elétricos. A maioria das cidades precisaria trocar as linhas de transmissão, o que hoje parece inviável.
Só para te dar um exemplo, na cidade onde vivo o número de carregadores triplicou no último ano.
E tu sabes sempre quais os carregadores funcionais, e mais do que isso os que estão a ser usados. Essas informações podem ser obtidas em tempo real.
É uma dúvida que tenho. Se os carregadores são frágeis ou nossa população que é mal educada.
Não são frágeis e não conheço a vossa realidade. Mas avariam… E requerem manutenção. Como tudo!
Não sei onde mora, mas aqui em Curitiba a experiência com carros elétricos vem sendo muito positiva em todos os sentidos. O gasto é em torno de 35% do que se fosse colocar combustível e os carregadores por aqui são gratuitos e nunca vi um que estivesse danificado.
Acrescento que sabes desde logo o tempo que demoras a carregar lá, e o custo da carga. Podes planear assim a coisa manualmente ou deixar o carro apontar no GPS o carregador mais indicado nas proximidades.