Sabiam que a Xbox esteve para acabar em 2014?

Numa entrevista que foi bem enterrada e nem apareceu discutida nos principais foruns, Phil Spencer confessa em 2020 que a marca Xbox esteve para terminar após o lançamento da Xbox One.

Pode parecer muito estranho uma notícia aparecer dois ano depois de ter acontecido, mas a realidade é que o seu conteúdo e altamente relevante. Mas curiosamente, apesar de diariamente ler centenas de notícias e acompanhar todos os principais foruns de discussão, ter tomado conhecimento desta entrevista foi uma total e completa surpresa para mim. Ao ponto de acreditar que, se a mim me passou ao lado, certamente terá passado ao lado de muita, muita gente.

Uma das coisas que sempre me questionei foi onde foi parar o bilião de dólares que a Microsoft em Maio de 2013 anunciou ter investido em exclusivos para a Xbox One.

A geração Xbox One ficou para trás, e marcada como a pior de sempre a nível de suporte de uma consola Microsoft. Basicamente a travessia da geração foi penosa, e o suporte da Microsoft mínimo. Nesse sentido onde ficou o bilião?

Ora na sua entrevista de 2020, resumida aqui, Phil Spencer aborda o assunto, e refere que após o lançamento da One a Microsoft esteve mesmo para abandonar o mercado das consolas.

A decisão para se manter foi tomada em 2014 numa reunião entre Phil Spencer e Satya Nadella, onde foi discutido o facto de as vendas estarem a ser arrasadas pelas da PS4.

No entanto, apesar de a Xbox ter continuado… A divisão teve cortes!

Isso soube-se em 2018, num artigo que, mais uma vez passou ao lado dos foruns, mostrando bem como estes são manipulados a nível de informação. Nesse artigo, Jez Corden da Windows Central revela que:

Disseram-me que o orçamento para acordos de publicação exclusivos, que anteriormente levavam a jogos como Quantum Break e Ryse, tem sido baixo, e o Xbox tem usado o orçamento que tem para colocar ênfase em outras áreas. 

Basicamente o tal bilião que deveria ter sido investido em exclusivos foi investido em outras situações. As apostas falhadas do Universal Windows Platform, a compra do Mixer (referida no artigo), e fechado pouco depois, são duas das situações onde esse, e muito mais dinheiro, foram investidos.

Sinceramente acho tudo isto relevante, numa altura em que a Microsoft apresenta os números de venda da Sony na era PS4 como prova de que precisa de comprar a Activision para combater. Basicamente a Microsoft compara-se com a Sony numa era onde, por erros próprios quase desiste de lutar, e onde obtem vendas desastrosas da sua consola, devido a escolhas suas e políticas que pretendia implementar, no forçar de um Kinect que ninguém queria, e que aumentava o preço da consola, e que a amputou para toda a sua vida útil, a nível de performances.

Perante estas realidades, que eu até desconhecia, a argumentação da Microsoft de que não consegue competir com a Sony, usando dados desta geração, soa, mais do que nunca, a patética. Fica assim explicado como o bilião que era suposto ser investido em exclusivos sumiu, bem como o motivo pelo qual 12 estúdios foram encerrados. Basicamente até ao “All in” aprovado por Satya Nadella, a Xbox esteve basicamente em gestão corrente.